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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024


Oi, migos!

Estamos prestes a realizar nosso segundo encontro voltado para a arteterapia, para a expressão de nossos sentimentos e pensamentos através da arte. O primeiro encontro foi muito lindo, fizemos 2 exercícios criativos com objetivo de nos conectar com nossos desejos e com nossa a corporalidade, conhecemos uma artista indígena inspiradora e conversamos bastante. Foi um encontro cheio de potência, troca e poesia. Encaramos os sentimentos do momento, pensamos e criamos a partir deles. 

Esse movimento é muuuito importante. 

Nesse segundo encontro, vamos explorar um pouco a materialidade do lápis de cor, vamos mergulhar no universo das cores e de suas relações com nossos sentimentos e com as nossas vivências do dia-a-dia.

É sempre tempo de começar e/ou recomeçar, é sempre tempo de criar novos sentidos para nossos dias, então não tenha medo de participar - e se tiver medo, tudo bem, vem com medo mesmo.

DATA: 08/02 (qui) 20h

LOCAL: google meet

VALOR: R$30 no apoia-se

MATERIAIS NECESSÁRIOS:

  • caderno ou folhas de sulfite/canson
  • lápis grafite
  • lápis de cor
  • canetas coloridas (opcional)
Beijos,
nos vemos na oficina nessa quinta-feira!

Rita Z.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024


Existe um tipo de terapia que se encontra com a arte, com a expressão e com a criação como forma de deixar fruir, de compreender, de soltar - ou agarrar, e acima de todas as coisas: como forma de estar. Estar em um tempo presente, sentindo texturas, materialidades, sentimentos, movimentos. É uma coisa única na vida essa tal da arteterapia.

Não sou terapeuta, minha formação não é em psicologia, mas em arte. Formação que desde cedo me aproxima muito dos saberes da psicologia e cada vez mais venho me conectando com eles. A arteterapia é um desses caminhos de encanto e reconhecimento que venho trilhando.

Hoje quero compartilhar com vocês 3 coisas que a arteterapia me ensinou e que quero proporcionar também nas nossas oficinas. Todo mês teremos uma oficina voltada para a arteterapia e outra oficina focada em aquarela. As duas vão se complementando, mas quem quiser participar de uma ou de outra, tá tudo bem.

Essas oficinas acontecem dentro do meu projeto de arte & literatura, vem conhecer!


aprendi que quando me expresso, me sinto bem

hoje senti ódio

hoje senti vergonha

hoje parece que tô perdida na vida - um desamparo

hoje também senti amor

Tem dia que dá pra sentir tudo isso, e tem dia que um sentimento predomina mais que outros. Nesses últimos dias um sentimento de paz e quietude vem predominando minha alma, a cabeça tá menos agitada e o coração tá mais calmo. Percebi que passei a me expressar com desenhos mais minimalistas ou com coisas coloridas e inventivas que me trazem um bem-estar enorme.

Com a arteterapia comecei a me entender melhor, reparar mais em mim, em como estou me sentindo. Processar e expressar emoções, sentimentos e pensamentos não é algo fácil, mas é tão TÃO poderoso. Hoje, só de folhear certas páginas do meu caderno de desenho consigo traduzir muitos sentimentos meus, e consigo perceber o que estou sentindo mais claramente quando começo a desenhar ou escrever.

Estou aprendendo a acolher esses meus sentimentos e colocar importância neles, é uma jornada de vida. Ah, como eu já desprezei e neguei os meus próprios sentimentos. A partir das minhas criações, onde me dedico a expressar esses sentimentos, dando uma cara para eles no papel, essa coisa de abraça-los e entender a importância de cada um fez muito mais sentido. Mesmo os sentimentos negativos e ruins - é difícil abraçá-los, com a arte sinto que ficou mais fácil.

Olhar para certos sentimentos, situações, pensamentos, emoções que ficaram ali desenhados-pintados-colados no papel, dá um orgulho muito grande. E essa prática tem me mostrado outras formas de me organizar internamente, compreender melhor e até enxergar beleza, sabe?

Outra coisa que aprendi é que, nem sempre colocar no papel é o que mais ajuda. Muitas vezes é necessário falar: tô mais chata, talvez, mas não me calo mais. Decidi que não vou guardar certos sentimentos para depois lidar com eles na arte e na terapia. Vou falar se não gostei, se fiquei magoada, se não faz mais sentido. Daí fui percebendo o tanto de coisa que guardava e o tanto de vezes que simplesmente silenciei tudo o que sentia para não ofender ninguém, não criar nenhum conflito ou confusão.

aprendi que tenho muito medo, sim

Com a arteterapia estou entendendo que o medo é uma das bases da minha existência. E essa era uma das coisas que eu mais negava, porém comecei a ver o medo aparecendo em todo lugar, bastava pegar o papel e o lápis e lá estava ele. Eu neguei porque me achava muito mais interessante sendo corajosa, que mané medo o que! pode vir, pode mandar no peito!

Hoje entendo que ele caminha comigo para todo lado. Claro que tem situações na vida que dão muito medo mesmo e é inevitável, mas existe também um medo mais dia-a-dia que me acompanhava e que eu vivia afastando. E morria de vergonha desse medo!

Inclusive com a arte: medo de criar e não gostar, medo de criar e não ficar bom, medo de criar e ser bobo, medo de criar e ninguém gostar. Não estou dizendo que esses medos foram embora simplesmente, de maneira alguma, eles ainda me acompanham. Mas com esse processo de me expressar e me conectar comigo mesma através da arteterapia, fui aceitando viver com ele, fui percebendo coisas boas nele. Tem partes nossas que não são incríveis, mas que são nossas e vão se tornando incríveis na medida que vamos reconhecendo.

Entender melhor esse medo foi algo crucial para ser quem sou hoje. 

E tenho um orgulho enorme de mim.

aprendi que tudo muda o tempo todo

Sempre gostei de mudar as coisas ao redor: meus móveis nunca param em uma posição só. As coisas em mim - internamente e externamente - nunca são muito fixas. Sempre enxerguei isso como uma característica boa, sempre vi nisso uma abertura para aceitar - e querer - coisas outras. No entanto, é tão humano quando a gente se agarra à um sentimento/tempo/pessoa/coisa e não queremos que aquilo mude de jeito nenhum.

Porém, aprendi que minha abertura para mudanças vai até a página dois. Ou três. Quando as coisas comecam a se complicar ou dar errado, eu quero voltar imediatamente - é claro. Maaaaaaas com tudo que vivi em 2023, um olhar diferente para as mudanças se instalou de uma forma definitiva em mim. Tem coisa que dói - e muito - mas quando o olhar mudou, a dor também mudou. Não sei se está fazendo sentido tudo isso que estou compartilhando aqui, risos

Foi a arteterapia uma das coisas que me ajudou a instalar esse outro jeito de olhar para a vida e suas mudanças. Todo esse processo de conexão com a arteterapia e comigo mesma foi, e está sendo, profundamente libertador.


VEM PARTILHAR ESSE MUNDO DA ARTETERAPIA COMIGO

Data da oficina: 18/01 (amanhã - quinta)

Horário: 20h

Local: google meet

Na nossa oficina amanhã vamos aprofundar mais nesses assuntos todos e poderemos compartilhar tudo com mais detalhes. Quem se interessar por fazer as oficinas, peço que tenham paciência e se abram para o nosso encontro, não precisa falar nada, até porque escutar já é parte muito importante do processo.

Mas se abram para criar, para se expressar ali no papel com vocês mesmas.

As oficinas de arteterapia acontecem 1x no mês.

Qual material você pode trazer:

  • caderno (ou canson, sulfite)
  • caneta (uma cor só, ou variado)
  • lápis de cor
  • giz pastel
  • tintas
  • papéis diversos para colagem

Está tudo bem se você tem apenas uma caneta azul ou preta. Vamos construindo as nossas relações com os materiais ao longo das oficinas, mas para começar um papel e uma caneta são suficientes. Que os materiais artísticos não te impeça de criar e participar desse momento, não deixe isso acontecer, tudo bem?

O link para participar da oficina chegará no seu e-mail cadastrado no apoia-se! VEEEEM!

Um beijo,

Rita Z.

sábado, 6 de janeiro de 2024

 


Oi, migos!

Feliz 2024, que esse ano tenha muita arte, leituras e coisas lindas pra nós.

Venho hoje compartilhar com vocês um pouco sobre as oficinas de arte e de aquarela que acontecerão ao longo de 2024.

Essas oficinas acontecerão duas vezes no mês:

1ª oficina: focada em um momento de arteterapia, experimentação e desenvolvimento da nossa criatividade e saúde emocional. Aqui usaremos vários materiais: guache, giz pastel, lápis de cor, papéis diversos para colagem, etc.

2ª oficina: focada em aquarela! Aqui vamos aprender a manusear e nos expressar através da aquarela, que é um material incrível. Aprenderemos técnicas, teoria das cores e faremos muitos exercícios para brincar e experienciar a aquarela.

As oficinas de aquarela são pensadas para iniciantes e pessoas que ainda não desenvolveram nenhuma técnica com desenho e/ou pintura.

Datas das oficinas de janeiro:

┕ Oficina de arte 18/01 (qui) 20h

┕ Oficina de aquarela 28/01 (dom) 17h


Materiais necessários para oficinas de arte

┕ lápis de cor

┕ tintas (a princípio, guache)

┕ giz pastel

┕ papéis diversos

┕ canson ou caderno de desenho

┕ tecidos, canetas brush, posca - o que mais quiser adicionar!

Essa oficina de arte é muito pensada para experimentação, não vamos nos prender à um único material, mas terão algumas oficinas que pedirei um material específico (com antecedência, claro).

IMPORTANTE resssaltar que você não precisa ter tudo isso de material logo de cara: venha participar com o material que você disponível. Não se prenda a essa ideia (e esse gasto) de comprar materiais artísticos agora.

Materiais necessários para oficina de aquarela

┕ tinta aquarela

┕ papel com 300g

┕ pincel (de preferência ponta redonda)

┕ godê (ou tampas de potes para misturar as tintas)

┕ 2 potinhos com água

┕ pano para limpar os pincéis

outros itens que podem te ajudar

┕ fita crepe

┕ papel toalha



IMPORTANTE: não precisa comprar material caro, ou ir atrás de material profissional. Você pode (e até indico) que comece usando materiais simples e mais acessíveis mesmo. Ou seja, pode comprar do mais barato que tá tudo certo! Peço apenas mais atenção ao papel, ele precisa ser de qualidade e ter uma gramatura muito boa também (essa parte infelizmente é a mais cara).

As duas oficinas acontecerão dentro do meu projeto de arte no apoia-se, clique aqui para conferir.

Você pode escolher a categoria “oficinas de arte” e investir R$30 mensais para participar das oficinas e além disso, irá receber outros conteúdos do projeto: vlogs, conteúdos sobre organização, arte, literatura e Virginia Woolf (vai ter muuuuita coisa de Virginia Woolf nesse projeto, prepare-se).


Um beijo,

e até o próximo post!

sábado, 22 de abril de 2023

 


Preparar uma aula não é algo simples. O trabalho do professor está muito além das explicações e atividades em sala de aula. Para chegar nisso, assistimos documentários e filmes, nos alimentamos com música, textos, livros e conversas. Tudo isso é parte desse processo de preparar uma aula. 

Mostrar esse processo também não é tarefa simples, afinal não é uma coisa tão linear ou rápida. Mas consegui capturar um pouco desse preparo para compartilhar com vocês e quem sabe, inspirá-los a preparar aulas junto comigo. 

É importante frisar que esse processo fica ainda mais legal quando trocamos figurinhas, então professores, fiquem à vontade para trocar comigo sobre o processo de vocês!

sexta-feira, 21 de abril de 2023

 

o sonhador, Adriana Varejão, 2006

Escrevo às 3h da manhã. O tempo anda tão esquisito. O tempo fora do tempo e tão absurdamente dentro/preso no tempo. Tempo-escultura. Duas semanas atrás tive uma dor intensa no abdômen, era a vesícula, eu já sabia. O que não sabia era que ela poderia doer daquele jeito. Muito tola, achava que entendia alguma coisa sobre dor.

Tive que fazer uma cirurgia de emergência - um susto - fiquei dois dias no hospital e fui liberada. Lar doce lar, mas não tão doce - estava péssima. Acabei voltando ao hospital e lá fiquei por mais 4 dias, passei a páscoa com os enfermeiros. 

Ali vivi experiências das quais estava louca pra escrever. A questão é simples: alucinei. Não sou muito propensa à alucinações, quer dizer, alucinar alucinar acho que vivo alucinando, mas remédios me dão muito sono e normalmente eu durmo feito um bebê e ponto final. No máximo, tenho uma dor de estômago depois e me sinto um lixo, mas normalmente os remédios não me causam nada mais do que isso. Nunca tinha alucinado assim - tanto.

Dessa vez fiquei bem acordada, ou ao menos acho que fiquei acordada, simplesmente não era capaz de diferenciar o que era real ou não. Mesmo de olhos fechados, via tudo - o quarto - tão nítido como se estivesse com os olhos abertos. Em um momento, não sabia dizer se estava com olhos abertos ou fechados. Vi grandes sombras rápidas e lentas passeando pelo quarto, sombras humanas e não-humanas. Vi um mundo azul que me lembrou Picasso e Yves Klein. 

Essas foram tranquilas e curti a viagem, mas teve um dia que meus pensamentos ficaram duplicados. Não sei quanto tempo durou, mas foi uma das coisas mais bizarras que me aconteceram. Não se pode viver pensando duplicado, minha cabeça virou um grande eco de mim mesma. Queria que aquilo acabasse queria que aquilo acabasse queria que aquilo acabasse.

Em algum momento acabou, mas até lá pensei que teria que pedir intervenção psiquiátrica ou surtaria de vez. Lembro de ficar olhando para o teto branco, pensando o que me aconteceria dessa vez se os enfermeiros trouxessem novamente aquela medicação.

Agora estou melhor, em casa, me recuperando ainda. Minha nova meta de vida é nunca mais precisar de nenhuma cirurgia. Dessa experiência toda, o que ficou foram dores - muitas - e algumas alucinações.

parede com Incisões a la Fontana, Adriana Varejão, 2000

 

domingo, 2 de abril de 2023

 


Esse livro agora ocupa o centro do meu coração. “É preciso crer, é preciso desesperadamente crer.”

Um livro que dança com as memórias, que planta histórias dentro da gente e nos faz conhecer e reviver tanta coisa, ouvir tantas vozes. E que vozes! Faz a gente rir e depois chorar, faz a gente cantarolar belas canções pensando na vida. Esse livro tem uma coisa muito bonita: ele faz a gente enxergar e escutar o outro.

“Becos da memória” foi escrito na década de 80, mas só foi publicado em 2006. O que mostra a imensa dificuldade de pessoas negras e pobres circularem em certos espaços. Imagina uma obra dessa na gaveta por tanto tempo! Imagina o tanto de outras obras incríveis criadas por pessoas negras não ficaram (e ainda ficam) na gaveta. Ao longo dessas quase 200 páginas vamos caminhar pelas vielas da favela, vamos visitar alguns barracos e conhecer alguns moradores e suas histórias. Tudo é realidade e tudo é ficção.


Conceição Evaristo escreve com uma sensibilidade e uma força poética que enche o coração com uma nova energia, uma escultora das palavras, é impossível desviar os olhos. Ela cria retratos tão bonitos, precisos e preciosos. Era isso uma das coisas que pensava enquanto carregava esse livro pra lá e pra cá: que preciosidade!

O desfavelamento acontece enquanto os moradores da favela vivem suas vidas cheias de miséria, de dor, de fome e angústias, mas também de pequenos prazeres, de sorrisos, de amor. Essas pessoas, essas histórias, terão de partir dali. Pra onde ir? O que fazer? O que será de nossas vidas? A vida não pode ser só isso, não, Deus está do nosso lado, eles pensam. “É preciso crer, é preciso desesperadamente crer.”


A memória tem um lugar lindo e forte nessa narrativa: os personagens relembram, contam histórias de seus antepassados, revisitam suas memórias novas e antigas. E a pequena Maria-Nova está ali, muito atenta, prestando atenção em tudo e em todos. Ela absorve a vida de um jeito único, e ela escreve.

Escrever como forma de resgatar e revisitar memórias é o que a Conceição Evaristo chama de escrevivências. Escrevivência é sobre escrever, viver, se ver, é sobre mulheres negras contando suas histórias, resgatando suas memórias, aumentando suas vozes, denunciando as violências sofridas.

Escrevivência é sobre incomodar.

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