LONGE DO INSTAGRAM



Estou afastada do Instagram há um tempo - acho que quase 3 semanas - e decidi vir aqui compartilhar um pouco sobre isso. Percebi o quanto é importante compartilhar porque essa experiência está me fazendo muito bem e imagino que alguém possa se identificar. Ou pelo menos refletir um pouco comigo. Bora lá?

O COMEÇO

Sempre gostei muito de produzir conteúdos, lembro-me agora do meu primeiro blog, eu era uma pré-adolescente fã de Evanescence que tinha esse blog com layout da Amy Lee. Tocava My Imortal quando abria o blog, bem dramática. Não consigo lembrar o que eu escrevia, mas dado o cenário, imagino textos ainda mais dramáticos que My Immortal. Coisa de adolescente.

No entanto, os anos foram passando e eu fui mudando de blog e mudando de assunto. O mais recente foi um blog sobre livros que acompanhava uma canal no Youtube, também sobre livros. Ah claro: e um instagram sobre livros. Não havia mais textos dramáticos ao som de My Immortal, mas havia uma enorme quantidade de textos e conteúdos sobre Literatura (o conteúdo pode até ter mudado, mas continuo sendo dramática e amando My Immortal). ;)

Tudo isso para dizer que eu nunca fiquei muito tempo sem produzir conteúdo, sem escrever, sem fotografar. Em alguns momentos me parecia impossível querer sair dessa vida, conheci tanta gente incrível, li tantos livros maravilhosos, tive conversas tão profundas e transformadoras! No entanto, estou exatamente no momento em que quero sair dessa vida. Especialmente do instagram (até porque o blog sobre livros e canal já se foram faz tempo).

O INSTAGRAM

Meu instagram (cheirando_livros) já existe há um bom tempo e não, não pretendo apagá-lo da face da terra (ainda não). Mas o negócio é o seguinte: eu estava passando um tempo absurdo no instagram. Você pode até dizer "mas ok, todo mundo faz isso ué". Eu sei, mas deveríamos? O instagram virou uma vitrine e eu passava horas ali, nem me dava conta do dinheiro que acabava gastando porque vi um livro incrível que fulana recomendou e não posso perder, porque vi uma blusinha linda numa loja alternativa maravilhosa, porque vi um item de decoração que vai ficar lindo nas fotos. E por aí vai.

Ao ficar um tempo em off pude perceber o quanto era influenciada por aquelas imagens e aquelas propagandas. Sabe, as pessoas ganham dinheiro no instagram, muitas pessoas tem aquilo como seu trabalho e isso é incrível, no entanto não posso mais me expor à esse tipo de plataforma. Uma plataforma que me faz gastar sem perceber, que, de repente, me deixa insatisfeita com as minhas coisas porque as coisas dos outros parecem TÃO mais legais. Sabe? Você sabe.

Eu achava que entrava no instagram para me inspirar. Sério, eu realmente achava isso. Nossa, eu via tanta foto linda, ficava suuuuper inspirada. Só que não, não exatamente. Quando estava lendo "O mundo que habita em nós" da Liliane Prata percebi que não usava o instagram como fonte de inspiração. Só se for inspiração para consumir cada vez mais e me importar cada vez mais com imagens montadas.

Eu não quero colocar o instagram aqui como um vilão, não, nem nenhuma rede social. Mas quero deixar bem claro que nenhuma delas faz bem quando são utilizadas em excesso. E hoje em dia é tudo um grande excesso, não gostamos mais de coisas pequenas, simples (apesar de movimentos como o Minimalismo e o Essencialismo estarem em alta, amém). Queremos tudo em excesso, tudo grandioso, tudo do melhor, do maior e do mais caro. Queremos sempre mais. E vem cá...para quê mesmo? Para postar, oras. É desse tipo de coisa que quero tomar distância. O problema não são as redes sociais, mas sim o nosso comportamento.

Estava a observar um grupo de pessoas que começaram a tirar fotos em um restaurante. No entanto, elas mal perceberam que perderam o controle e no total devem ter dado mais de 100 fotos. Passaram mais tempo tirando fotos e fazendo pose do que de fato conversando e aproveitando estar ali, naquele lugar. A superficialidade pode assustar, mas a gente quase não nota, estamos condicionados a tirar várias selfies e o máximo de fotos possíveis de todos os rolês e todos os lugares que visitamos. Estamos operando no piloto automático. Não notamos que no dia seguinte mal nos lembramos daquelas 100 fotos. Por que damos tanto valor a quantidade? É realmente tão importante assim tirar tanta foto e registrar tudo?

Ficar esses dias sem entrar no instagram me fez perceber o tanto de coisa frívola que eu postava, achando o máximo. Eu achava que precisava compartilhar aquela leitura ou aquele trecho do livro, ou precisava muito tirar foto dos livros porque alguém poderia ver e se interessar. Aquele livro poderia ser o livro favorito de alguém!!!! Claro, isso é muito legal, mas é importante perceber quando as coisas se tornam automáticas e cada vez mais vazias, sem um significado. No livro da Liliane que mencionei acima, existe o seguinte questionamento: Com o que você está realmente comprometido? Wow. Na hora essa pergunta me pegou totalmente de surpresa, não soube responder. Depois de refletir sobre isso percebi que não estava e nem queria estar comprometida a tirar foto de livros para postar. Será que existe um real significado em mostrar o que se está lendo/fazendo/usando ou só se mostra pela necessidade de mostrar?

Quero estar comprometida com o verdadeiro conhecimento e conexão com o mundo que esses livros me proporcionam. Quero viver, sentir, ler, aprender. Tudo isso no modo manual, da forma mais analógica possível. Porém, foi com tristeza que percebi que havia me afundado demais no mundo das imagens, no mundo do automático, do excesso. Acontece com todos nós se pararmos de prestar atenção por um minuto ou dois. Somos engolidos. Por isso achei que seria muito incrível para minha jornada pessoal ficar longe do instagram por tempo indeterminado.

E por favor, não me entenda mal: não tenho nada contra compartilhar fotos do que quer que seja, estou apenas questionando como nos comportamos com relação à isso. E isso tudo também não significa que nunca mais vou postar foto de livros ou de qualquer coisa em alguma rede social. Mas quero sim refletir e me conscientizar o máximo que puder. Compartilhar conhecimento é uma coisa absurdamente rica, admiro muito quem faz isso no instagram de forma consciente, admiro DEMAIS! Mas eu não consigo, sempre acabo sendo engolida e perco a noção do tempo e da vida.

A EXPERIÊNCIA (ATÉ AGORA)

Pode parecer insanidade, mas vou falar mesmo assim: estar esse tempo em off me fez perceber TANTA coisa incrível sobre mim mesma. De repente eu consegui focar melhor nas minhas atividades, consegui fazer coisas que estava enrolando para fazer, gastei menos no cartão de crédito, meditei mais, escrevi mais, li mais. Me sinto transbordando e nem sei explicar direito, mas me sinto livre. A liberdade de não precisar registrar momentos relevantes - ou não - do meu dia só para postar é algo incrível. E mais incrível ainda é perceber que NÃO, eu não preciso acompanhar o que as pessoas postam diariamente. Não entrar no instagram está fazendo um total de 0 diferença no meu dia. Eu simplesmente esqueço que isso existe durante o dia todo, quando lembro que existe uma coisa chamada instagram me parece algo tão distante e desnecessário que não sinto vontade de entrar. Vou repetir: não sinto VONTADE de entrar no instagram. Eu sei, parece insano.

Um dia, talvez, eu volte para o instagram, até porque meu objetivo com essa pausa é refletir, aprender, me conhecer melhor para ser mais consciente na hora de usar redes sociais, e o instagram é a rede social que me tomava em torno de 2/3 horas por dia. Eu precisava fazer algo a respeito, não dava mais. No entanto, não quero excluir isso da minha vida para sempre, nem nada assim tão radical (ainda não), mas sinto que essa experiência está sendo valiosa e boa demais, me sinto motivada a aprender mais, a escrever mais, a me conhecer mais, a ler mais e por mais que eu buscasse inspiração no instagram, nunca encontrei o que de fato desejava. Mas enquanto a vida segue seu baile estarei postando aqui no blog, no twitter e aparecendo ocasionalmente no facebook. Então viu só, não sou tão louca assim! rsrs

Só mais uma coisinha:
Se esse texto não é pra você, se você discorda ou não se identifica com o que foi falado aqui, tudo bem! Essa é apenas a minha experiência e não quero transmitir nada negativo. Então lembre-se: faça o que você quiser, mas faça o que te deixa feliz. Isso é o que realmente importa ;D

E se você se identificou e quer se aprofundar mais, por favor, leia o livro "O mundo que habita em nós" da Liliane Prata. Esse livro causou uma revolução incrível dentro de mim, foi uma experiência reflexiva lindíssima. Leia <3 



7 comentários

  1. Amei o texto! E, sim, é uma importante reflexão.

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    1. <3 <3 <3
      Que bom! fico mega feliz em saber que vc gostou :)
      Sempre bom pensar no que estamos investindo nosso tempo né?!

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  2. rita, que abraço esse texto <3 faz meses que penso nisso. de lá pra cá, refleti um MONTE sobre como lidava com o instagram. teve momento que abandonei, teve momento que selecionei quem seguia enfim... hoje tô numa boa com ele, mas com cautela rs a lili prata é MARAVILHOSAAAA!! ela me ajudou muito com isso, principalmente sobre me manter presente no dia. isso me deixou com uma sensação muito gostosa de "olha, tenho tempo pra fazer tanta coisa... o dia nem tá voando mais!". isso pq ainda nem li o livro dela, só vejo os vídeos e ouço o podcast hahaha obrigada por compartilhar isso co. a gente <3

    www.meuscafes.com.br

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    1. Sua linda, maravilhosa <3
      Cara, eu tbm tava bem assim, super inconstante com o ig, hora largava, hora voltava (e ficava horas por lá), mas to curtindo esse momento em off. Especialmente pq excluí só o insta, então não me sinto excluída do mundo nem nada rsrsrs tem funcionado perfeitamente! honestamente, não sei se voltarei tão cedo! quero curtir mais essa paz kkkk

      um beijo enorme <3

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  3. Uau! Seu texto, além de muito lúcido, me fez ter vontade de voltar pras minhas atividades relaxantes e terapêuticas. Que vontade de escrever, costurar, desenhar...

    Maravilhoso e hiper reflexivo. Você é maravilhosa ❤️

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    1. Nossa, Maaaa! vc não faz ideia do quanto estava sentindo vontade de voltar para esse tipo de atividade tbm, desde o ano passado eu ficava repetindo: mês que vem vou voltar a desenhar, mês que vem, mês que vem... e nunca dava. Dar uma pausa nesse nosso consumo insano de conteúdo em rede social é essencial para que haja essa conexão com nós mesmos e com essas atividades que exigem calma e concentração. Coisa rara hoje em dia.
      Nunca achei que viveria um momento de tanta tranquilidade e felicidade longe do instagram (que era minha rede social favorita da vida toda kkk), mas nossa, tá incrível. Nem quero voltar kkkk

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  4. Nossa eu apaguei as fotos, depois voltei e postei algumas fotos, mas to querendo dar um tempo maior do insta, fico vendo os lances de bulletjournal e fico me cobrando para fazer algo bonito, nossa cansativo!

    É bem isso que vc compartilhou, compras e mais compras, gostava quando a gente só postava coisas aleatórias, quando as fotos não tinham que combinar com o feed, quando não tinha regrinhas de feed organizado, vou voltar nesse detox!

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