Rita, estamos em casa há 8 meses e você ainda quer falar disso? Não tô acreditando.
Ok, ok. Confesso que posso estar querendo forçar a barra agora, só um pouquinho ;)
Estamos em casa há muitos meses e sem muita perspectiva de 'voltar ao normal' num futuro próximo. Por isso acho importante fazer esse post.
1) Estamos em casa há meses e estamos trabalhando feito loucos.
2) Os limites se foram há muito tempo.
3) Quase não descansamos, só trabalho, preocupação, doideira.
Precisamos, urgente, encontrar nossa casa. No sentido de encontrarmos um lugarzinho dentro de nós e dentro do ambiente onde vivemos que possamos nos reconectar, nos sentir leves - nem que seja um tiquinho.
Estava ouvindo o podcast do Emicida e ele comentou sobre um período em que estava muito mal, sofrendo com a ansiedade que chega sem pedir licença e paralisa. Sabe o que ele resolveu fazer? Além de ir no terreiro tomar um passe, ele começou a cuidar de plantinhas. E isso, aos poucos, foi levando ele para um lugar mais calmo.
Não estou querendo dizer que você precisa ir num terreiro como ele, ou frequentar qualquer outra religião que seja (se você curte, pode ser uma boa), mas o que quero dizer é: você está cuidando das suas plantinhas?
O cuidar das plantinhas é o cuidar de você, dedicar um tempo para fazer algo significativo para você. Algo que vai te fazer bem.
Cuido das plantinhas ao fazer meu journal, ao organizar minhas ideias com meus mapas mentais malucos. Cuido das plantinhas quando separo um tempo pra ler pela manhã. Quando tomo um banho gostoso ouvindo uma música que gosto (sempre ouço Hamilton no banho, e canto alto I'M NOT THROWIN' AWAY MY SHOT). Cuido das plantinhas quando faço alguma arte, quando fico ouvindo música enquanto faço Bullet Journal.
E cuidar das plantinhas pode até ser limpar o quarto, fazer aquela faxina gostosa, hidratar o cabelo enquanto ouve um podcast legal. Sabe? Essas coisas que a gente costuma dar 0 atenção podem ser muito poderosas para nos reconectar e nos dar uma energia nova.
A Thami falou no instagram dela esses dias sobre Espinoza e sobre afetos passivos e ativos. Quando cuidamos das plantinhas é uma forma de praticar esse afeto ativo. Estamos nos nutrindo e nos fortalecendo, mesmo que aos pouquinhos, com coisinhas pequenas.
Talvez tenhamos que ficar em casa por mais alguns meses, então precisamos - urgentemente - nos dar esses momentos de reconexão, de calma e de cuidado.
O QUE FAÇO PARA ME RECONECTAR
Desde quando terminei a faculdade desenhei bem pouco. O desenho era uma das minhas linguagens artísticas favoritas, hoje sou muito mais da escrita. Ainda amo desenhar e quero muito voltar a fazer isso com alguma consistência, é algo me faz bem, mas estou nessa fase em que a escrita está ocupando todos os lugares.
Como disse, o meu cuidar das plantinhas é escrever. Faço journaling, no final do dia (ou em qualquer momento, não tenho regras) paro para escrever sobre as coisas que aconteceram, meus sentimentos e minhas percepções. Estava fazendo Morning Pages, mas tem sido raros os dias que consigo fazer essa prática.
Outra coisa que fiz e foi IN-CRÍ-VEL - porém não tenho feito atualmente porque sou uma sacana - foi o Diário de Bordo.
Falei no insta: nossa, mandem ideias do que fazer com esse caderno aqui. Uma pessoa abençoada (infelizmente não lembro quem agora, se foi você por favor me dê um toque) falou: Rita, faz um diário do bordo estilo do Austin Kleon.
Fui ler Roube como um artista desse autor e A-D-O-R-E-I! Já no mesmo dia comecei a fazer um diário de bordo. Olha aí o resultado.
E claro, a leitura também é outra coisa que me proporciona momentos de reconexão e calma, me faz um bem danado em todos os sentidos. É com a leitura que encontro o maior momento de paz do meu dia, sentar - normalmente com um cafezinho - e ler um pouco me leva para um lugar bem longe, e quando volto me sinto melhor, mais completa.
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